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domingo, outubro 22, 2006

Fobia


Ela brincava feito criança, tinha vergonha quando todos olhavam quando perdia as estribeiras, e tratava logo de botar a mão pequena no rosto e olhar entre os dedos com a bochecha rosada. Com esta imagem lembrei do medo que ela tinha de baratas, sapos, rãs e qualquer bicho pegajoso. Traquino que era, eu não perdia a travessura. A casa era estranha e costumava aparecer rãs inofensivas no banheiro, adoravam lugar úmido e a cada dia era um novo espetáculo de gritos durante o banho: "aaahhh!!! Tira essa coisa daquiii!! Eu vou morrerrr!!". Eu ria lá de longe, do quintal, achando-a uma dramática divertida. Eu gostava de sorrir para ela, com um olhar hitchcockiano, enquanto ela colocava novamente a mão pequena no rosto, olhando entre os dedos pequenos, balbuciando, "não me olhe assim, não me olhe assim!". Distraí, embolei um papelzinho verde na mão e esperei-a se aproximar, joguei o papel em sua direção, e quando ela levantou os braços eu gritei, olha a rã! (...) "aaahhh!!! Tira essa coisa daquiii!! Eu vou morrerrr!!"

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