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segunda-feira, janeiro 22, 2007

Insônia


Agora são quatro e onze da madrugada. Mais um dia de uma insônia que parece não ter fim. Deito com um pouco de sono mas o cérebro dispara com pensamentos anacrônicos dos quais pouco me lembro após despertar, uma espécie de sonho lúcido. Talvez, mas que tem me trazido algum dissabor. Tenho me ausentado, desde a semana passada, de tarefas as quais estou sob observação rigorosa e sei do risco que me acomete, embora a vontade de estar aqui, nestas horas, no meu cantinho, a escrever, seja absolutamente inadiável. Estou a aproveitar cada segundo das poucas inspirações que me levam ora ao papel, ora ao meu blog. Uma inspiração perdida é imperdoável, penso. É impreterível, é como uma paixão de verão numa cidade alheia. Você precisa expressar instantaneamente, não se deve hesitar enquanto percebe a perfeição da estrofe que nasce num segundo de pensamento. É preciso registrá-lo. Tenho descarregado aqui, por vezes, meu tédio. Por outras vezes, minhas paixões fracassadas, bem como meu isolamento que desvela a disritmia da alma de todo ser, sobretudo àqueles atropelados pelo ritmo imperativo da cidade grande. Tenho pedido calma, solícito em conceder um tempo só para mim, para que eu possa entender porque nem todas as pessoas estão em ritmo de verão. Tenho pensado em assuntos de inverno para que logo eu possa semear aquilo que ofertarei em tempos de primavera. Agora são quatro e cinquenta e sete da madrugada, e ainda desfruto a intensidade da insônia. Levantei sem dormir.

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