Um moço se aproxima. "Posso conversar um pouco? Estou vendendo alguns anjos para ir à Itália". Liguei a figura do pequeno objeto de gesso ao vaticano e, logo após, aos seus concílios vários. Anjo - vaticano, enfim, reflexos que naquele momento eram estéreis e instantâneos. Não o delonguei, só queria olhá-lo, admirá-lo, perceber seu trabalho e sua história que, mesmo podendo ser ensaiada, parecia viva; um sonho insistente. "Posso fotografar você pintando o anjo?" E meio sem jeito e pacato, diz, "pode, mas qual seu interesse nisso?". "Talvez seja o mesmo que o seu". E sem hesitar o reproduzi, "estou pensando em ser fotógrafo". Ele sorriu e continuou a andar, trabalhando naquele sol escaldante pelo resto da vida. E com o mesmo sonho de sempre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário