...Claro que todos nós somos evitados por alguém o tempo todo. Desafetos temos muitos, alguns ocultos, outros explícitos. Às vezes, o desafeto emerge em mão dupla. Ora os dois não se suportam, ora é só o outro que dá de comer ao ódio acompanhado de um pouco d'água para saciar o estômago cheio. Onde deveríamos encontrar borboletas, encontramos o vazio ou a total vontade de nulificação. Mas, o certo é que esta repugnância sempre há de ser controversa e pergunto, será mesmo vontade de nulificar o outro ou serão borboletas que insistem em enclausurar-se no estômago quando não deveriam estar mais ali?
Eu preferia jamais saber quem me detesta, sobretudo se for alguém de quem eu gosto e, ontem, enquanto me divertia fui interrompido por uma cena em que eu, involuntariamente, fiz o papel do diabo inconveniente, do diabo que deveria, ao menos ali, "enxofrar" em outro inferno. Eu até entendo que sejam decepções de quem esperava algo muito além do que eu poderia dar. No começo eu era excesso, no final eu era escasso. Este foi o julgamento que fez de mim quando uma tristeza sazonal que eu sempre tentava esconder me arrebatava dela. Enquanto eu queria matar a saudade, a energia que chegava em mim, pelo vento daquela corrente, era a de que naquele espaço eu era uma persona non grata. Respeitei porque meu paradoxo nunca foi culpa dela. O que importa é que ela parecia estar bem feliz, embora pudesse mais na ausência do diabo. Ainda bem.
Assim, com se fosse uma peça teatral, o que costumamos fazer nestas situações é, no mínimo, se distanciar o bastante, num mesmo lugar, para que ao menos diminua a inevitável sensação de querer olhar um para o outro; e não notar a simples e (in)desejada presença para não se ver perdido em meio a acontecimentos que já estão sob domínios do passado. O melhor a fazer é fingir que nunca nos vimos em nenhum momento dessa vida, reduzindo-nos a bons atores em palcos diferentes que renascem feito fênix por tantas e tantas vezes. Nas histórias de amantes eu já morri incontáveis vezes, sempre renascendo. Como diria meu amigo, velha-guarda calejada, soteropolitano sertanejado e escritor poeta temporão, Hélio Barná - coração é um bicho besta que só a peste. E assim pensam o seres que pensam e assim agem justamente porque pensam...
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