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quarta-feira, setembro 02, 2009

Pausa para Calvino

"É minha imagem o que desejo multiplicar, mas não por narcisismo ou por megalomania, como se poderia facilmente pensar. Ao contrário: é para esconder, em meio a tantas imagens ilusórias de mim mesmo, o verdadeiro eu que as faz mover-se. Por isso, se não tivesse receio de ser mal interpretado, não me oporia a reconstruir em minha casa um cômodo inteiramente forrado de espelhos [...]"

"Se minha figura parte em todas as direções e desdobra-se em todos os ângulos, é para desencorajar aqueles que me perseguem".

"[...] compreendi que apenas multiplicando-me, multiplicando minha pessoa, minha presença, minhas saídas e retornos, enfim, multiplicando as ocasiões para as ciladas, eu conseguiria tornar improvável minha queda em mãos inimigas".


"Quando acreditam apanhar-me, eles apenas golpeiam uma superfície de vidro sobre a qual aparece e se dissipa um reflexo entre tantos de minha presença ubíqua [...]"

(Ítalo Calvino, 1999, p.166-167)

Uma pausa para um grande escritor.

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