Eu me sinto perdida em quase tudo na vida. Mesmo quando em família. Mesmo quando saio para beber com os amigos, sinto-me perdida entre eles. Mesmo quando tomo banho ao assobio, também. Ao acordar, está lá presente essa terrível sensação. Tomando o café, da mesma forma, sem eira nem beira. Quando abro essa folha em branco, caso estivesse alguém ao lado perceberia: "Alice, você ainda está aí?" Pendularia uma das mãos diante dos olhos, eles nem se mexeriam. Catarse, não, cataclismo, não, catatonia. Um pouco de cada, verdade seja dita. Há alguns dias me avassala todo tipo de receio. Em relação a... Acordei com medo, pensativa, odeio isso, medo de que ele tenha... Sinto-me ludibriada pelas nossas primeiras conversas naquele evento em que ele se deu por perdido. Não é bem isso, ludibriada. Ainda não. Medo das minhas decisões, das que deverei tomar em breve.
Gritou comigo, sim, depois que o adverti. Muitos dias passam. Ainda lembro daquele, do grito. Ecoa aqui dentro quando estou sozinha em determinados ambientes. Algo em mim ruiu e nem sabia que já era muito delicado. O foco no trabalho aumenta, nele me sinto segura. Nele deixo de me expor às reminiscências escabrosas quando volto para casa, para o silêncio do meu quarto, para as fotografias na parede que também me observam e desgostam. Começo a retirá-las da minha vista, é por um tempo, deixo no fundo da gaveta de remédios. Hierarquias. Alertam-me, esse tempo já passou. Seus pequenos atos mesquinhos que grudam como chiclete na mente, minha, destronando meu senso de liberdade. Critica muito e pouco se analisa, como detesto isso nele, apesar de que não sou tão segura quanto a isso. Ele oscila muito, também. É improdutivo pra caralho, apesar das suas notórias capacidades. É desprovido das mais elementares ambições, não consigo me acostumar a essa sua personalidade. Tenho minhas dúvidas se ele mesmo se suporte na maioria dos dias com a sua costumeira lentidão. Ele me diz para ter calma, nem sabe o agravo disso...
A minha perdição é o medo da ruptura insanável. De todo modo, ainda o amo. De todo modo? Menos, menos. Amo-o mesmo ou tenho apenas receio daquele valor estéril que é dado apenas depois? Apesar de... é pau para toda obra. Viaja comigo todos os anos, é engraçado. Tem lá seu valor, "me apoia" quando necessito. Tem algumas coisas que faz de errado na frente dos nossos amigos e não admite, acha que não. Mas não são tão graves assim, convenho; nada que um pouco de esforço a mais não resolva. Mas me incomoda muito, tenho que admitir. Penso o que pensará nossos amigos em comum e sinto uma sutil vergonha em mim, vergonha alheia. Mas nunca o digo. Houve períodos que tive dificuldades financeiras, ele sempre esteve presente aliviando minha barra, com amor. Não sei mais o que pesar, o fato é que me confundiu, olho para trás e vejo terra arrasada. O grito. Não sei bem, acho que vou topar alguns trabalhos já oferecidos e que me distanciem de sua mirada durante algumas semanas, não pedirei tempo, seria incapaz de entender, conheço meu gado.
Posso trabalhar até me sentir exausta. É uma boa saída, nem será uma desculpa porque será verdade, mesmo que planejada. Mente. Quem? Por outro lado, farei algo de útil a mim... E a quem nada tem a ver com isso e espera pelos meus melhores serviços, é verdade. Enquanto ele arruma o novo apartamento, faço o meu trabalho e me ausento na casa dos meus pais, embebida das minhas coisas, do quarto. Decido. Sei lá, preciso de um fôlego novo, preciso pensar o que bem quero. Liguei e avisei-o das ofertas de trabalho, precisaria fazer algumas viagens. Ele assentiu como sempre e deitou ensimesmado. Muito tempo passa enquanto estou fora, um mês talvez, quase o esqueço, penso menos nele a cada dia, tenho que admitir. Numa das viagens encontrei esse respiro que me faltava, foi bom, um subterfúgio daqueles. Evitei telefonar, ele também não me ligou... Vou sair, talvez eu passe na casa dele para uma conversa franca, pormos na mesa o que sentimos. Acho que ele vai compreender. É estranho tudo isso, eu sei. Pressionada pela vida, eu me sinto perdida e em urgência em quase tudo nela mesma. E levo algumas pessoas comigo, mesmo sem notar...
Gritou comigo, sim, depois que o adverti. Muitos dias passam. Ainda lembro daquele, do grito. Ecoa aqui dentro quando estou sozinha em determinados ambientes. Algo em mim ruiu e nem sabia que já era muito delicado. O foco no trabalho aumenta, nele me sinto segura. Nele deixo de me expor às reminiscências escabrosas quando volto para casa, para o silêncio do meu quarto, para as fotografias na parede que também me observam e desgostam. Começo a retirá-las da minha vista, é por um tempo, deixo no fundo da gaveta de remédios. Hierarquias. Alertam-me, esse tempo já passou. Seus pequenos atos mesquinhos que grudam como chiclete na mente, minha, destronando meu senso de liberdade. Critica muito e pouco se analisa, como detesto isso nele, apesar de que não sou tão segura quanto a isso. Ele oscila muito, também. É improdutivo pra caralho, apesar das suas notórias capacidades. É desprovido das mais elementares ambições, não consigo me acostumar a essa sua personalidade. Tenho minhas dúvidas se ele mesmo se suporte na maioria dos dias com a sua costumeira lentidão. Ele me diz para ter calma, nem sabe o agravo disso...
A minha perdição é o medo da ruptura insanável. De todo modo, ainda o amo. De todo modo? Menos, menos. Amo-o mesmo ou tenho apenas receio daquele valor estéril que é dado apenas depois? Apesar de... é pau para toda obra. Viaja comigo todos os anos, é engraçado. Tem lá seu valor, "me apoia" quando necessito. Tem algumas coisas que faz de errado na frente dos nossos amigos e não admite, acha que não. Mas não são tão graves assim, convenho; nada que um pouco de esforço a mais não resolva. Mas me incomoda muito, tenho que admitir. Penso o que pensará nossos amigos em comum e sinto uma sutil vergonha em mim, vergonha alheia. Mas nunca o digo. Houve períodos que tive dificuldades financeiras, ele sempre esteve presente aliviando minha barra, com amor. Não sei mais o que pesar, o fato é que me confundiu, olho para trás e vejo terra arrasada. O grito. Não sei bem, acho que vou topar alguns trabalhos já oferecidos e que me distanciem de sua mirada durante algumas semanas, não pedirei tempo, seria incapaz de entender, conheço meu gado.
Posso trabalhar até me sentir exausta. É uma boa saída, nem será uma desculpa porque será verdade, mesmo que planejada. Mente. Quem? Por outro lado, farei algo de útil a mim... E a quem nada tem a ver com isso e espera pelos meus melhores serviços, é verdade. Enquanto ele arruma o novo apartamento, faço o meu trabalho e me ausento na casa dos meus pais, embebida das minhas coisas, do quarto. Decido. Sei lá, preciso de um fôlego novo, preciso pensar o que bem quero. Liguei e avisei-o das ofertas de trabalho, precisaria fazer algumas viagens. Ele assentiu como sempre e deitou ensimesmado. Muito tempo passa enquanto estou fora, um mês talvez, quase o esqueço, penso menos nele a cada dia, tenho que admitir. Numa das viagens encontrei esse respiro que me faltava, foi bom, um subterfúgio daqueles. Evitei telefonar, ele também não me ligou... Vou sair, talvez eu passe na casa dele para uma conversa franca, pormos na mesa o que sentimos. Acho que ele vai compreender. É estranho tudo isso, eu sei. Pressionada pela vida, eu me sinto perdida e em urgência em quase tudo nela mesma. E levo algumas pessoas comigo, mesmo sem notar...